terça-feira, dezembro 25, 2012

Feliz Natal!

E Natal é, antes demais, isto: o Menino nascido em Belém, cuja vinda ao mundo a cristandade comemora.


Stefan Lochner, séc. XV

segunda-feira, dezembro 17, 2012

Amor

Há um filme que quero muito ver, mas tenho medo de ir ver. Porque tenho medo da velhice, não pelas rugas nem pelos cabelos brancos, mas pela perda de capacidades a que já assisti e que queria recusar para mim e para os meus, os que são agora meus, que aos outros, que já foram (e o são e serão sempre, no mais profundo de mim), não pude impedir que as perdessem, ao ponto de se tornarem quase irreconhecíveis. Recuso tudo isto para mim e para os meus. Sei que não o posso impedir, nem neles, nem em mim. Quero ver, mas tenho medo.
Quando vemos documentários sobre a vida selvagem, comentamos e percebemos que a natureza é cruel. Esquecemo-nos, porém, que fazemos parte da natureza também, e que não é por sermos racionais que ela deixa de ser cruel na mesma. Se calhar ainda o é mais, ou a crueldade ainda mais transparece, porque podemos indagar sobre ela, questioná-la - mas não fugir-lhe.


quarta-feira, dezembro 12, 2012

13 anos

Sem ti. Saudades? Todos os dias - do teu sorriso, do teu colo, até da tua tosse seca que me permitia saber que eras tu a subir as escadas. Estás sempre comigo, minha querida, e não é só no coração e nas recordações. Estás bem viva nos olhos e no sorriso de alguém que partilha contigo o nome.

terça-feira, dezembro 11, 2012

Kafka

Ao vivo e a cores. Numa junta médica perto de si. As instalações pertenceram a um hospital psiquiátrico. Combina. Também se lhe pode chamar Portugal no seu melhor. Se houvesse uma embaixada de um país civilizado ali ao pé, acho que tinha ido pedir asílio por razões de preservação de saúde mental.

domingo, novembro 25, 2012

90

90 anos seria hoje a tua idade. Hoje seria dia de festa, com prendas e salvas de palmas, com risos, beijos e abraços. Os teus netos contigo, tu feliz. Se estivesses vivo, se estivesses bom. Não me esqueço do dia, nunca. Muito menos de ti, do calor das tuas mãos a aquecer as minhas, das histórias lidas antes de dormir, do beijo que nos davas antes de ires para a cama. Procuro esquecer os anos maus, a incapacidade, tudo o que doeu num final de vida demasiado prolongado e doloroso. Recordo os tempos bons, o teu sorriso. Tu com a tua neta ao colo, tão feliz. É assim que te quero lembrar sempre, Pai querido, tão querido, e tão guardado no meu coração. 

sexta-feira, novembro 16, 2012

Masoquismo

Em dias de neura, como hoje, não é boa ideia ver / ler certas coisas. Parecem inócuas, mas não são. E eu, que já o sei (ou devia saber), devia ter juízo e não ser masoquista. Porque cicatrizes escondidas, já saradas mas visíveis, podem fazer-se sentir com uma força surpreendente. Alguma vez deixarão de doer?

Cansada do meu país

Cansada da crise, do mau governo, da falta de luz ao fundo de um túnel cujas dimensões ainda ignoramos. Cansada de muita coisa, a começar pela comunicação social.
O barulho que se fez em torno da visita de Angela Merkel. As cartas indignadas pela sua vinda a Portugal. Os comentários, os comentadores, as reportagens, as análises políticas ou que o pretendem ser. Os directos. E informação a sério, onde está ela? O que trouxe afinal a vinda a Portugal da chanceler alemã? Não dei conta que a imprensa, a tv dessem disso conta. Leio, em alguns blogs, que foi ocasião de negócios que, sendo importantes para a Alemanha, não o são menos para Portugal. Fala-se de investimentos alemães assegurados. Mas alguma coisa disto é efectivamente noticiado? 
A informação é sempre pela rama, sempre em busca do chocante, do imediato, do sensacionalista. É também disto, é em grande medida disto, que estou cansada.

segunda-feira, novembro 05, 2012

7 anos

Faz hoje 7 anos começou algo pelo qual não esperava. Algo contra o qual me armei. Tu desarmaste-me. Lembro-me de me teres ido levar a casa e eu olhar para o teu perfil enquanto conduzias e perguntar a mim mesma se haveria alguma hipótese de seres o "tal". Eras. És. 
Obrigada por 7 anos de brilho nos olhos. Venham mais 7, 14, 21, a vida inteira. De mãos dadas.

segunda-feira, outubro 29, 2012

Se eu pudesse...

Se eu pudesse trincar a terra toda 
E sentir-lhe um paladar, 
Seria mais feliz um momento... 
Mas eu nem sempre quero ser feliz. 
É preciso ser de vez em quando infeliz 
Para se poder ser natural... 

Nem tudo é dias de sol, 
E a chuva, quando falta muito, pede-se. 
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade 
Naturalmente, como quem não estranha 
Que haja montanhas e planícies 
E que haja rochedos e erva... 

O que é preciso é ser-se natural e calmo 
Na felicidade ou na infelicidade, 
Sentir como quem olha, 
Pensar como quem anda, 
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre, 
E que o poente é belo e é bela a noite que fica... 
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro

Como eu gosto deste poema... Em tempos difíceis, serviu-me várias vezes de consolo. Deu-me paz. Mostrou-me como tudo, vida e morte, alegria e tristeza, fazem parte do mesmo todo. "E a chuva, quando falta muito, pede-se...". É isso. E a paz instala-se, depois de reler o poema.

quinta-feira, outubro 18, 2012

1º dia de manta nas pernas


Cores

Apetece-me vestir dos tons outonais das árvores que acompanham os meus dias.

terça-feira, setembro 18, 2012

Mahler, 5ª Sinfonia, Adagietto


Durante os meus anos terríveis, os anos do meu "terramoto" pessoal, esta música fez-se ouvir vezes sem conta cá em casa. Fazendo-me chorar, dando-me paz, apaziguando mágoas, deixando-me libertar sentimentos conturbados. Findos esses anos, raramente a ouvi, ou fui capaz de pôr a tocar o CD onde se encontra: tinha demasiadas memórias dolorosas associadas. Regressei a ela outro dia e descobri que a música pode evocar essas memórias, mas já não as faz doer. Já a consigo ouvir como aquilo que é: uma música bela e doce, melancólica, triste mesmo, mas de uma imensa grandeza apaziguadora. Qual mão suave a acariciar-nos em momentos difíceis. Se a ouvisse num concerto, não sei se não ficaria lavada em lágrimas - se não me lavaria a alma.

sábado, agosto 25, 2012

5


Quando comecei o meu blog, recuperava de uma dura separação e, desencantada além de desconsolada, não pensava em voltar a casar, mesmo se acontecesse, por um milagre em que queria acreditar, mas não tinha grande fé, encontrar o "tal". 
Um dia ele apareceu. Um dia ele passou sobre todos os meus medos e ajudou-me a ultrapassá-los, qual corrida de obstáculos que ele afastou da minha frente. Um dia ele fez-me sentir que era o meu porto de abrigo; e eu fi-lo sentir que era o dele. O meu lar, o meu aconchego passou a ser nos braços dele, como os dele nos meus. E um dia o seu amor fez derrubar mais um medo e decidimos casar. 
Foi há 5 anos. 5 anos de nós casados, felizes, em harmonia, em paz. Não 5 anos sem dores nem sobressaltos, sem momentos cinzentos ou negros até - foram anos de vida, não anos de sonho. Mas anos em que sempre, como substracto de tudo o resto, como rede de segurança, como teia sobre a qual se tece a vida, tem estado presente esse amor, sempre mais forte.  Que eu espero nos acompanhe todo o resto da nossa vida, passada de mãos dadas, juntos, como queremos e gostamos, meu amor.

(A foto é da água em que hoje vogámos, juntos, mais a nossa miúda, parte integrante das nossas vidas, do nosso amor. Água ora iluminada pelo sol, ora com sombras; ora calma, ora ondulando ao sabor do vento e das marés. Como a vida, no nosso caminho para o Azul.)

sábado, junho 02, 2012

Quá quá!

No lago do jardim, uma família de patos instalou-se. Só de vez em quando os vejo, dois patos de cabeça verde, uma pata castanha. Hoje vi, além deles, uma ninhada de patinhos - lindos!!! Uns na borda, todos juntos, enovelados uns nos outros; outros, mais atrevidos, a nadar - e a que velocidade! 
Espero que se mantenham ali, naquele lago abrigado, onde poucas pessoas os podem incomodar e algumas lhes vão dando pedacinhos de pão. Quero ver crescer aqueles patinhos. Quá quá!

sábado, maio 26, 2012

Olha...

... este blog ainda existe, mesmo cheio de teias de aranha! Não sei por que é que o conservo aberto. A vontade de escrever aqui desapareceu há muito. Não ando a precisar de sacos de boxe.
Aproveito para deixar umas doutas reflexões sobre o festival da Eurovisão que está a dar. Felizmente, não ouvi senão as músicas finais - ficaria por certo traumatizada, pelo que a amostra ouvida mostrou.
Lembro-me dos meus tempos de adolescente, quando o festival não se perdia, quando sabia de cor uma série de músicas a concurso, quando havia músicas giras de que ainda agora me lembro. Ainda me lembro dos Abba e do êxito que foi "Waterloo". 
Fui eu que mudei ou foi o festival? E a gente nova liga a isto? A avaliar por quem cá tenho em casa, não liga a mínima. Isto é tão, tão piroso... 

sábado, março 31, 2012

Prenda

Quando me quiserem dar uma prenda de que eu goste mesmo muito, mandem imprimir a fotografia que tenho no meu desktop e coloquem-na numa moldura bonita. É tão linda, que todas as vezes que ligo o computador fico a olhar e derreto-me de carinho. Tirada, creio, com a webcam, é das fotos mais recentes da minha filha aquela de que mais gosto, talvez por nela estar tão natural, tão ela própria, tão transparente, até, com o seu ar concentrado e algo sonhador.

sexta-feira, março 09, 2012

Quase sempre que aqui escrevo estou cansada, exausta mesmo. Parece que é o cansaço que me faz ter necessidade de escrever no meu velho "saco de boxe". O cansaço, o desalento, o desencanto. Andar um assim ainda vá que não vá, agora os dois? Quem puxa quem, desta forma? Temos de combinar para nos esgotarmos em dias desencontrados - ao menos um estará bem para consolar e dar forças ao outro. Obviamente, o cansaço, o desalento e o desencanto nada têm a ver com a vida familiar. É a outra, a do trabalho, que nos deixa de rastos. A um e ao outro. Por razões muito diferentes que, na volta, acabam por ser quase iguais. E passam pela existência de demasiadas cabras e cabrões nos nossos trabalhos. Se ao menos servissem para dar bom leite para queijos, boa carne para assados e chanfana...

segunda-feira, março 05, 2012

Da cumplicidade

Se este blog fosse o que um dia já foi, falaria muito de cumplicidade. Da delícia das meias palavras entendidas, do gesto meio feito que o outro acaba. Do alívio de se saber entendido, também.  
Também falaria de outras coisas, menos agradáveis - mas agora, depois destes telefonemas, a cumplicidade é que me deixa este sorriso na cara.

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Chegada a casa em countdown

Durante dois dias o cansaço vai-se acumulando, devagarinho, quase sem dar por ela. Começo a notá-lo quando se inicia a contagem decrescente para voltar para casa. À medida que diminui a distância, cresce o cansaço. Ao chegar a casa, cai-me todo em cima - apesar de ser o momento em que volto a estar, verdadeiramente, feliz. 

sábado, fevereiro 18, 2012

Filha adolescente

Ser mãe de uma adolescente tem os seus lados menos bons, que toda a gente refere; mas tem outros absolutamente deliciosos. Como hoje, na estreia dela num concerto sinfónico, a descobrir novos compositores e novas músicas, e a ver a sua cara maravilhada e a sentir a sua mão a agarrar a minha com todo o entusiasmo. 

Dia dos Namorados

Passado numas urgências de hospital. Tu comigo, tu a tratares de mim. Se fosses tu, seria eu a estar contigo e a cuidar de ti. Não precisamos de um 14 de Fevereiro para nada - temos todos os 365 dias do ano para namorar. Este ano, são até 366.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

17 ans

17 ans
Une femme une enfant
Qui ne sait rien encore
Et découvre son corps
Que le soleil enivre
Et que la nuit délivre

17 ans
Un sourire innocent
Et le regard docile
Sous un rideau de cils
Mais une faim de loup
Et une soif de tout

17 ans
Des seins de satin blanc
Semblent narguer le vent
De leur charme insolent

17 ans
Et prendre encore le temps
Le temps de refuser
Le monde organisé
Et faire à l'heure présente
Un aujourd'hui qui chante

17 ans
Et vivre à chaque instant
Ses caprices d'enfant
Ses désirs exigeants

17 ans
J'étais adolescent
Et je le suis encore
En découvrant ton corps
Comme un fruit éclaté
Comme un cri révolté

17 ans déjà

17 ans tu n'as
Que 17 ans
Mon amour
Mon enfant

17

17 anos da melhor aventura da minha vida. 17 anos inteirinhos de ti, a ver-te crescer, a ajudar-te a aprenderes a ser o que és, a aprender a ser mãe. 17 anos de orgulho por ser tua mãe, e de agradecimento a Deus pela prenda magnífica que me deu.