sábado, outubro 08, 2016

O que se muda na vida

Hoje, preocupo-me muito menos com o que visto do que quando era mais nova. Privilegio o conforto, o sentir-me bem, e muito menos a elegância. O facto de estar presa a sapatos confortáveis e baixinhos ajuda, claro. Não poder pintar os olhos sob pena de inflamações e infecções também. Mas é mais do que isso. É um estar-me nas tintas, e ao mesmo tempo sentir-me bem sendo naturalmente eu. O avançar da idade não traz só problemas; ajuda a serenar e a pôr muitas coisas em perspectiva.

Babyblog?

Coisa estranha: apetece-me escrever neste cantinho, não para carpir mágoas mas para registar "instantâneos" do meu filho. Não a filha grande, mas o filho pequenino, o meu amor de 3,5 anos, adoptado há quase 2.
Fomos à pediatra. Cresceu tanto! Neste último ano, subiu percentis à grande, sobretudo no tamanho. O meu pequenino, que quando veio para os nossos braços era mesmo pequenino, já está com tamanho dentro da média; quanto ao peso, é levezinho - feito, pois, à medida dos braços fracos desta mãe achacada.
O meu orgulho por este rapazinho só tem equiparação com o amor que sinto por ele. A frase pode ser dita no plural: pai e irmã sentem da mesma forma, também.

sábado, outubro 01, 2016

Podia escrever o mesmo que no post anterior. Engraçado, só venho aqui quando estou mal e não quero falar.
Hoje era suposto ter feito uma série de coisas durante a tarde, e à noite ter ido a um concerto que muito gostava de ouvir. Era suposto, não fosse o raio do Sjögren. Ao fazer o almoço assaltaram-me as dores da zona sacro-ilíaca e tive de me estender. Passei a tarde não apenas deitada, mas a dormir. Estupidamente, esqueci-me de tomar o anti-inflamatório de SOS, e as 3h de descanso não me fizeram sentir melhor. O tamanho da casa pareceu aumentar, tudo ficando longe e quase inalcançável. Qual concerto, qual saída, qual o que quer que seja...
Acho que é para não gastar mais energia, ou para evitar chorar e lamuriar-me que nestas ocasiões me sinto como um bichinho da conta. Enrolo-me sobre mim mesma, protejo-me de tudo, calo-me, fecho-me.
Não gosto de mim assim. Não gosto, sobretudo, que o meu pequenino me veja assim. 

sexta-feira, abril 29, 2016

Dias

Há dias em que perco o pio e a vontade é não falar, depois de ter passado muitas horas seguidas a usar a voz.
Dias em que só quero que ninguém mexa, fale, pergunte, toque, e eu possa ter silêncio em meu redor e nada, nada que incomode.
Dias em que tenho saudades de mim.

sexta-feira, janeiro 22, 2016

Cansaço, farta... Os títulos dos posts passados dizem tudo. O de hoje poderia ser exausta.
Porque tenho muitas coisas para fazer, no que toca ao trabalho.
Porque tenho um filhote pequenino, rabino e em fase de fazer birras, atirar-se para o chão, resistir a que se lhe pegue, dormir mal.
Porque me sinto (e já vi este filme tantas vezes...) a chegar ao fim da corda, ao fim da carga da bateria. Assusta-me o tempo que recarregá-la vai demorar, e o preço que isso acarreta.
Precisava de férias. De um fim-de-semana dedicado somente a mim e ao meu bem-estar, a sós com o meu marido, sem nada que me preocupe e ocupe.
Boa piada...

domingo, janeiro 17, 2016

Farta

De ter uma doença que não passa e todos os dias se faz sentir. Uns mais, outros menos, não deixa porém de estar presente e de me limitar.
Custa-me pelo cansaço e pelas dores que pequenas coisas me provocam. Custa-me, mais do que tudo, por causa do meu filho. Pegar nele ao colo, dar banho, vesti-lo, dar-lhe a comida, trazê-lo da creche são coisas que podem ser dolorosas ou deixar-me sem forças para mais nada. No limite, trazem-me lágrimas aos olhos e obrigam-me a descansar a seguir. E isso deixa-me num desânimo enorme.
Também me desanima a valer ir, como hoje, ver uma exposição e ficar à nora passada meia hora, se tanto. Em lugar de ver o que tanto me está a agradar, começo a procurar um banco onde possa sentar-me. Penso que férias que fizemos e tanto apreciámos se vão tornar impossíveis: com programas culturais todos os dias e muitas caminhadas a pé. Nas melhores férias do género que fizemos, eu já não estava bem, mas com algum cuidado e descanso aguentava muito bem. Agora não conseguia manter esse ritmo.
Quanto tempo conseguirei mais manter-me no activo?
Quanto tempo conseguirei ainda pegar no meu filho ao colo como tanto gosto?

quinta-feira, janeiro 07, 2016

Cansaço

Há alturas em que este espaço me faz falta. Alturas em que não estou grande coisa, claro - quando tudo está bem, não sinto necessidade de escrever, ou de o fazer sob o anonimato que este blog (ainda) me permite (agora que ninguém o lê, mais fácil se torna regressar a esse estado de ninguém saber quem sou).

Hoje é uma dessas alturas. Um dia em que o cansaço se faz sentir de uma forma intensa e percebo que estou a cair no total desinteresse face a uma série de coisas. Face, essencialmente, ao meu emprego. Nada me entusiasma nele, excepto a outra vertente em que tenho trabalhado como louca. Mas aquela que permite esta, aquela que efectivamente me garante o ordenado no final do mês, e que me obriga a deslocações e a estar de pé e a falar alto e a tratar de burocracias, essa não me está a apelar nada e o esforço que me exige é tal que, na balança, não compensa.

Custa-me que assim seja, porque eu gosto dessa parte. A minha saúde é que não. A doença crónica auto-imune que resolveu aparecer na minha vida mina-me a resistência. (nota a quem eventualmente ler isto: é uma doença reumática, algo com que tenho de viver, mas não me mata).

Estou em dia de apetecer dormir, dormir; ou melhor, de apetecer dormir e ao acordar ver que fizeram tudo por mim. Precisava de estar num spa em tratamento integral, com massagens, comida ao estalar de um dedo, sem nada na cabeça que a encha ou incomode. Como se isso fosse possível.

Enfim: estou a precisar de descansar. E no entanto era suposto ter descansado nas últimas semanas, e até o fiz se comparado com os meses precedentes. Mas não descansei como devia, nem na quantidade que devia. E não posso fazer de conta que à minha volta nada existe (até porque o que existe é essencialmente gente, a família).

E pronto, já desabafei. Já usei de novo este espaço como um saco de boxe - pequenino, que os murros são fracos, as forças poucas. Desconfio que voltarei a ele noutras ocasiões. 

terça-feira, setembro 02, 2014

Ser mãe

Um eterno desafio à paciência.