sábado, março 26, 2011

Dia bom

quarta-feira, março 23, 2011

Alívio

Sócrates demitiu-se. A Assembleia da República não disse "amen" ao PEC decidido com Bruxelas à revelia do Parlamento e do Presidente. Sinto um enorme alívio, porque a sensação de que o carrossel estava desgovernado e a rodar como louco era demasiada. Mas tenho verdadeiro medo do que aí possa vir. Do que não nos foi dito sobre a verdadeira situação do país. Das alternativas ao PS (ou dentro do próprio PS). Do que vai ser preciso fazer para tirar Portugal do imenso buraco. Mas talvez tudo isto seja mais fácil de aguentar com outras pessoas ao leme, sobre as quais não se sinta tanta desconfiança. Porque esse é um dos grandes problemas que eu acho que se estavam a colocar (eu sentia-o de forma bem forte): a falta de confiança no primeiro-ministro e no seu governo. Não se pode viver assim, menos ainda em tempo de tão grave crise.

terça-feira, março 22, 2011

Helpdaughter

Quem é que resolve as parvoíces informáticas da mãe, quem é? Em dois minutos...
Mas ainda há algumas coisas em que sou  eu a ensiná-la. E esta dinâmica é muito divertida (além de dar imenso jeito).



domingo, março 13, 2011

Sobre a geração "à rasca"

Detesto a forma como alguns comentadores / bloggers / gente, em geral instaladas nos seus empregos e confortáveis nos seus salários, olham de alto para as reivindicações da "geração parva" que hoje se manifestou. E ao lado de quem tive vontade, várias vezes, de estar - não por pertencer a ela, mas por conhecer demasiada gente que nela se insere.
Eles têm razões mais do que muitas em se queixar. Têm, antes de mais, uma razão de que nem sequer estarão conscientes: o péssimo ensino que o Estado lhes deu, com programas que parecem feitos, em muitos casos, para levar os alunos a odiar essas matérias (assim se passa, a meu ver, com os programas de Português e História, por exemplo). 
Têm razão em se queixar de não terem aprendido com professores competentes e exigentes, que não os deixassem passar sem estarem dotados dos conhecimentos básicos e, como agora se diz, das competências necessárias para saberem ler, escrever e interpretar um texto com clareza, na sua própria língua.
Têm razão em se queixar de terem deparado com um sistema de ensino que os canaliza para o ensino superior, para o qual muitos não estão preparados nem têm qualquer vocação. Deu-se cabo do ensino técnico, está-se a procurar recuperar o ensino profissional, mas entretanto foram várias as gerações que não tiveram acesso a esse ensino médio. Que não impede ninguém (como o anterior ensino das escolas industriais e comerciais também não fazia) de, mais tarde, enveredarem pela continuação de estudos.
Têm razão em se queixar de terem entrado em cursos que se mantêm abertos, com um elevado número de vagas, sem haver mercado de trabalho que os possa absorver. Na minha área, por exemplo, a História, há faculdades públicas que mantêm um "numerus clausus" de 60 alunos por ano. 60 alunos para quê? Para irem engrossar os licenciados sem emprego, obviamente. Ainda por cima, porque muitos desse alunos são maus ou medíocres.
Têm razão em se queixar por não ter sido exigido deles excelência, por não lhes terem ensinado a dar o melhor e a exigir o melhor.
E os melhores, que os há também, e que são verdadeiramente muito bons, têm razão em se queixar da falta de empregos à altura das habilitações de que são detentores. Conheço uma série deles assim. Inteligentes, óptimos alunos, cheios de vontade de estudar, de aprender, de dar o seu melhor no trabalho que puderem ter - e afastados desse trabalho, por uma série de razões. Não podem ser professores universitários, por exemplo, porque há muito que as vagas estão bloqueadas. Nas Faculdades de Letras (volto a elas, conheço-as melhor), por exemplo, os professores mais novos rondam os 40 anos. Os alunos que delas saem, se gostam da investigação, têm de recorrer aos mestrados, doutoramentos, pós-docs, tudo isso dependente de bolsas que podem ou não ser concedidas, de projectos que podem ou não ser aprovados, não tendo tido sequer direitos a assistência na saúde durante uma data de anos (acho que agora já têm), recebendo 12 meses por ano e não os 14 habituais, e sabendo que o final de cada uma das etapas trilhadas é uma vitória, mas também uma aflição face ao que vem a seguir. E assim aceitam vários empregos (precários, claro está), adiam decisões de constituir família, deparam-se com grandes dificuldades para conseguirem arranjar casa.
E, quando não querem a investigação, mas apenas o trabalho nas instituições onde se prestam os serviços que eles aprenderam a fazer, não têm acesso a eles. Por exemplo, temos bibliotecas e arquivos com dezenas de vagas de quadro por preencher. E temos dezenas de jovens licenciados ou pós-graduados nessas áreas que o mais que conseguem são estágios não remunerados ou pouco remunerados, porque não se podem abrir concursos para preencher essas ditas vagas por serem lugares da função pública e estão proibidos os ingressos nela desde há anos - a não ser, claro está, para áreas em que interesse meter mais uns "boys". Ora a maioria dos arquivos e bibliotecas existentes em Portugal dependem do Estado, por isso não se peça a esta gente para se tornar empresário por conta própria, ou algo do género.
No que toca à habitação, que já referi, e à dificuldade em comprarem casa, dizem muitos dos que sobranceiramente olham para estes jovens que não as comprem. Pois, não as comprem - mas até agora, até à crise que leva à dificuldade de acesso ao crédito à habitação, essa era a solução mais viável e vantajosa. Porque as rendas de casa são caríssimas, para contrabalançar aquelas, vindas de longa data, que deviam ter sido revistas como deve ser há muito. E por isso estes jovens têm razão para se queixar quando vêem casas na cidade a rendas antigas baratíssimas, casas na cidade a cair aos pedaços, dando mais uma machadada no património arquitectónico e na nossa "facies" urbana, e se vêem obrigados a ir para os subúrbios, para casas piores do que estas poderiam ser e que custam muito, mas mesmo muito mais.
Têm razão para se queixar da forma como muitas casas de construção municipal são distribuídas, havendo logo uma lista de amigos e "boys" para as ocupar.
E por aqui me fico, ou continuo a escrever durante horas. Termino apenas com uma última razão de queixa: têm os jovens, ainda, mais razão para se queixar quando o nosso inefável e espero que em breve no desemprego 1º ministro responde, face às reivindicações das gerações mais novas ,que as compreende muito bem, e por isso despenalizou o aborto e criou o casamento entre homossexuais. Irra, que tanto cinismo, autismo e imbecilidade não se suportam!

segunda-feira, março 07, 2011

Hereafter


Dizem que não é um grande filme. Nem todos os filmes têm de ser obras-primas. Mas gostei imenso deste, da sensibilidade e da humanidade com que Clint Eastwood filma e conta esta história, algo inquietante, mas também apaziguadora. Além disso, a música (do próprio Eastwood) é linda, melancólica, suave.